sábado, abril 18, 2009

Risos, então. Cada noite surpresas das possibilidades mais bizarras e das bizarrices mais possíveis. E tudo acaba em um puteiro: o desejo de que as coisas dêem certo, os desejos do sucesso físico e da alma. Vencer o dia a dia sem mulheres, sem afeto. É o afeto que falta. Ah, Teatro Mágico, sai pra lá que aqui no vamos ver não tem chance o quetichupe no lanche ruim. Quero afeto aqui, pertinho do peito, quente quente, corpo quente perto do meu. Corpo novo, pele macia, mãos femininas. E a homossecsualidade masculina foda-se, mas a feminina me revolta em algumas ocasiões. É.

terça-feira, abril 07, 2009

O silêncio


Não é um estado de espírito avançado, não é não. Quando se volta a andar de bicicleta depois de muito tempo sem andar, então, é isto. Ainda não sei escrever o português certo, aquele sem acentos gráficos, acho-o estranho, desabrasileirado pra virar o quê? Já existe o inglês, tão facilzinho… Porque não deixaram nossa rica língua em paz? Seríamos ricos de alguma maneira, então. Então eu disse que não era um estado de espírito avançado, mas eu nem sei o que quer dizer isso, escrevi porque veio esta frase na minha cabeça e eu rascunhei aqui, aqui onde qualquer rascunho é material lírico. Preciso cantar… porque cantando eu poderia expressar exatamente o que é sentir como eu estou me sentindo, aqui, de bem e tão bem que chato está o que está em volta. Agora me parece que é só o espaço, porque pessoas há várias dispostas a serem próximas. Seria eu um cara legal? Fãs tenho, mas vida dura daquele que não tem quem o admire por qualquer que seja o motivo, não é? Todos têm um admirador, eu acho. Eu acho que eu não tenho a dimensão exata de todos. Olha, eu só preciso dizer que eu admiro você. Sim, é cedíssississimo pra falar qualquer coisa, mas foi o tempo gigante que passei pra encontrar bolinhas de gude parecidas para jogar os jogos como eu jogava em São Paulo. Porque lá eu amava de alguma maneira que aqui ainda não consegui. Há 9 meses, daqui a pouco algo nasce, deve ser mesmo o período de gestação. E quando eu for assistir no cinema Budapeste, baseado em livro homônimo de Chico Buarque, eu vou estar apaixonado, tenho certeza. Precisei aqui de alguém que emanasse silêncio, pax, paz. De você o silêncio ecoa levando dúvidas e mistérios consigo. E há muita coisa pra se descobrir, o que não há mais nos lugares passados que tendiam a sempre estar.

E o que será que é um estado de espírito avançado?

domingo, abril 05, 2009

A Ausência

Aos 18 anos, Pierre deixa a casa camponesa onde nasceu.No exato momento da partida, sua velha mãe enferma se encontrava no leito do quarto azul, onde estava o daguerreótipo de seu pai, em que havia penas de pavãoem um vaso e um relógio de pêndulo, com as figuras de Paulo e Virgínia, que Marcava três horas.
No pátio, sob a figueira, seu avô repousava.
No jardim estavam sua noiva, rosas e pereiras reluzentes.
Pierre ia ganhar a vida, em um país onde havia negros, papagaios, borracha, melaço, febres e serpentes.

Ficou lá trinta anos.

No exato momento de retorno à casa camponesa onde havia nascido, o quarto azul tinha se tornado branco, sua mãe repousava no seio de Deus, o retrato de seu pai já não estava lá, e as penas de pavão e o vaso tinham desaparecido. Um objeto qualquer havia tomado o lugar do relógio.
No pátio, sob a figueira onde seu falecido avô repousava, havia pratos quebrados e uma pobre galinha doente.
No jardim das rosas e das pereriras reluzentes, onde estivera sua noiva, estava agora uma velha senhora.
A história não diz quem era ela.

Na morte de Sergei Mikhailovitch Eisenstein

I

Camarada Eisenstein, muito obrigado
Pelos dilemas, e pela montagem
De Canal de Ferghama, irrealizado
E outras afirmações. Tu foste a imagem

Em movimento. Agora, unificado
À tua própria imagem, muito mais
De ti, sobre o futuro projetado
Nos hás de restituir. Boa viagem

Camarada, através dos grandes gelos
Imensuráveis. Nunca vi mais belos
Céus que esses sob que caminhas, só

E infatigável, a despertar o assombro
Dos horizontes com tua câmara ao ombro...
Spasibo, tovarishch. Khorosho.

II

Pelas auroras imobilizadas
No instante anterior; pelos gerais
Milagres da matéria; pela paz
Da matéria; pelas transfiguradas

Faces da História; pelo conteúdo
Da História e em nome de seus grandes idos
Pela correspondência dos sentidos
Pela vida a pulsar dentro de tudo

Pelas nuvens errantes; pelos montes
Pelos inatingíveis horizontes
Pelos sons; pelas cores; pela voz

Humana; pelo Velho e pelo Novo
Pelo misterioso amor do povo
Spasibo, tovarishch, Khorosho.

III

O cinema é infinito - não se mede.
Não tem passado nem futuro. Cada
Imagem só existe interligada
À que a antecedeu e à que a sucede.

O cinema é a presciente antevisão
Na sucessão de imagens. O cinema
É o que não se vê, é o que não é
Mas resulta: a indizível dimensão.

Cinema é Odessa, imóvel na manhã
À espera do massacre; é Nevski; é Ivan
O Terrível; és tu, mestre! maior

Entre os maiores, grande destinado...
Muito bem, Eisenstein. Muito obrigado.
Spasibo, tovarishch. Khorosho.

Vinícius de Moraes

sexta-feira, abril 03, 2009

Windows Live Writer.