domingo, abril 05, 2009

A Ausência

Aos 18 anos, Pierre deixa a casa camponesa onde nasceu.No exato momento da partida, sua velha mãe enferma se encontrava no leito do quarto azul, onde estava o daguerreótipo de seu pai, em que havia penas de pavãoem um vaso e um relógio de pêndulo, com as figuras de Paulo e Virgínia, que Marcava três horas.
No pátio, sob a figueira, seu avô repousava.
No jardim estavam sua noiva, rosas e pereiras reluzentes.
Pierre ia ganhar a vida, em um país onde havia negros, papagaios, borracha, melaço, febres e serpentes.

Ficou lá trinta anos.

No exato momento de retorno à casa camponesa onde havia nascido, o quarto azul tinha se tornado branco, sua mãe repousava no seio de Deus, o retrato de seu pai já não estava lá, e as penas de pavão e o vaso tinham desaparecido. Um objeto qualquer havia tomado o lugar do relógio.
No pátio, sob a figueira onde seu falecido avô repousava, havia pratos quebrados e uma pobre galinha doente.
No jardim das rosas e das pereriras reluzentes, onde estivera sua noiva, estava agora uma velha senhora.
A história não diz quem era ela.

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