"Mas e quando as músicas do Roberto Carlos fizerem sentido? Você estará no Rio de Janeiro, o que pode ser mais grave."

Via Lactea

escrevo direto na interface do blogger, como dificilmente escrevo. escrever aqui incita o desejo de terminar rápido e postar rápido, pois que é internet e tudo está flutuando. o melhor mesmo, para mais tranquilidade (se se quer ela), é escrever em um bloco de notas do Wiondows e copiar e colar depois. eu abandonei o Mac - ele agora fica ali em cima de minha cômoda de 6 gavetas, com seu teclado e mouse, mas só me serve como banco de arquivos que não tenho neste notebook. pois trabalhar, ou melhor, viver com dois computadores só piora a organização pretendida. vou fazer a barba agora.

Pó de Grua

"Última chamada São Paulo vinte e três horas e cinquenta e nove minutos de partida plataforma 49". O meu é às 00:42 e tenho algum tempo aqui. Talvez o tempo que me sirva pra escrever sobre coisas que tenho de escrever há tempos e nunca me sobrou vontade e/ou tempo.

Acho que é a maior crise existencial dos últimos tempos meus. Coloco as questões dentro deste problema porque não creio que todo o mal que estou passando seja apenas o mal. Creio que seja o preço a pagar. A verdade e o que resume tudo é que não sei se o preço vale a pena, não sei mesmo.

Como Léo disse, há apenas um óvulo bem grande e milhões de espermatozóides. Eu furei o óvulo depois de concorrer ativa ou passivamente com outros bilhões. E foi uma furada e tanto. Mas isso não garante que este ovo seja fecundo, que vingue. Não sei se quero pagar o preço de viver depois do óvulo fecundado se desenvolver ou nascer.

Penso que devo pensar em apenas um breve tempo. Na verdade eu nunca pensei mesmo em morrer dentro da Globo, não é isso que quero pra minha vida, eu li Fernando Pessoa e o entendi. Quem lê Fernando Pessoa e entende não faz isso com sua própria vida, como diz Maria Pia. Então tá: o pensar agora tem de se voltar pra questão de quanto e o quê estou perdendo com esta empreitada louca e única de minha vida. Quais são as pessoas que vou deixar de conhecer? Quais são as realizações que eu deixarei de fazer? (porque sempre fui um cara de realizações por minuto) Quais as pessoas queridas que vou deixar de ter perto de mim e será que isso é bom mesmo? Será que a volta sempre é melhor do que a permanência? E quando meus pais adoecerem - como vou me sentir estando longe de toda minha base? E quando eu adoecer?

Cada vez mais sinto menos falta e apenas fica a saudade. Começo a aceitar a cidade, compreender seu tempo, me motivar a participar de sua vida. No trabalho, cada vez mais fico perto das pessoas de bem, das pessoas simples, que trabalham sem glamour. O problema é que a porra de meu cargo está no meio de um glamour besta e enorme.

Nesta quinta, enfim, batizaram-me. E eu não esperava que iriam dar tamanha importância para o evento. Enganaram-me e me fizeram ir atrás do "pó-de-grua" por todo o PROJAC. Do set (CC3) para a produção... da produção para o Casseta e Planeta... do Casseta e Planeta para o Big Brother e finalmente para a edição, de onde levei uma caixa lacrada que, depois fui descobrir, continham duas pedras pesando mais ou menos 12 kg. Claro, foi uma festa só quando cheguei no set, com direito a muitos risos, abraços de bem-vindo e sorrisinho da Fernanda Machado que participou das atuações para me zoar. Um bolinho com duas velinhas em cima também, para eu soprar, no dia de aniversário do PROJAC - 13 anos. Eu não me simpatizava com o Léo desde quando entrei no programa e foi o diretor até hoje que mais me surpreendeu, agindo contrariamente a mim e, ao mesmo tempo, me fazendo boas coisas.

Enfim, cansei de escrever. Estou indo para São Paulo, melhor, para Guararema e lá quero encontrar pessoas antigas e falar tudo isso pra elas, cetificar-me de que este mesmo é o caminho: me matar de trabalhar para ser qualquer coisa que não quero ser. Mundo de merda, sistema filho da puta. Quero ver se consigo rever a Carol, a mais de agora, e conseguir ter um pouco de seu carinho tão sincero - quero mesmo. Quero me desculpar de pertinho e dizer o quanto ela é importante. E que eu a quero.

Ver meus pais, meus irmãos e todo o povo de Guararema em dia de eleição. Dia de eleição do Marcinho para prefeito. Aiai carrapato não tem patas!