domingo, agosto 17, 2008

Com os bárbaros sobre a distância


Juliana, acabei de assistir a um filme que é um daqueles que me faz ter orgulho de meus estudos. Creio que eu seja o último bocó a ver As Invasões Bárbaras. Me emocionou tanto! Sabe? - aquelas emoções lá no fundo... de maneiras pessoais que muitas vezes se distanciam do foco principal do filme.

O tema familiar à mim incomoda muito. Talvez eu já te disse algumas vezes o porquê e, engraçado, o personagem condutor da narrativa de As Invasões sofre da mesma desconexão intelectual com seus pais. E tudo piora com a distância. É preciso dar muito valor ao tempo que se pode estar perto dos pais, Ju. Sempre lhe achei mais inteligente que eu em certos aspectos e creio que um deles é o de dar importância à conexão intelectual com a família. Isso é uma coisa de extrema importância que eu perdi a oportunidade de consolidar com a minha, a distância cada vez mais aumenta e meus medos de situações urgentes são bem mais alarmantes. Aconteça o que acontecer, Ju, mantenha a aliança que tens com seus pais e esforce-se em sempre fazer com que seus pais entendam cada um de seus principios. Esse é um jogo que eu perdi e não consegui reverter e, sinceramente, dói a cada lembrança, ainda mais com esta distância.

Será que somos só nós (artistas na vivência e no ofício) que sentimos estas frustrações? Ou somos apenas os únicos que conseguimos e/ou queremos externar?

Em minha vida construi poucas amizades. Ou não, isso seja apenas mais um trecho de um discurso frouxo, inamarrável, ao qual quero dar continuidade. Mas com tantas coisas novas acontecendo e tantas pessoas perdidas no fluxo da pós-modernidade que encontro por aqui - atores da Bahia, atores do interior de SP, diretores do sul, chefes de fora do Brasil - eu sinto falta de fazer o caminho de volta à caverna do Platão para poder conseguir discernir e contrair tudo. Por enquanto tudo só me parece uma abstração, ainda mais somado à paisagem carioca mágica. Me parece que as verdades estão em outro lugar... talvez na amazônia de Dulce Veiga ou na criação de bichos de meu pai. Aí o estado de angústia tenta me tocar e eu procuro como um louco compreender quais são as minhas bases, onde eu posso aportar meu barco sem retirá-lo do contato com a água - que neste momento profissional me é vital - e não acho muitas coisas. Olho um computador que nada tem a ver comigo e que parece ser mais importante, bonito e funcional que eu em meu próprio quarto, vejo um mapa do PROJAC colado em minha parede onde se lê "A Gente Se Vê Por Aqui" e "Construindo Sonhos" e penso pra quem eu posso ligar para conversar numa noite destas, aos 20 anos, sozinho em minha casa no Rio de Janeiro. Todos do msn (que antes a estas horas de um sábado enchiam minha lista on-line) devem estar com os amigos fora de casa, correndo os riscos das noites urbanas.

E o máximo que posso fazer por mim mesmo e para o resto do mundo é escrever um e-mail.

E antes se o pior fosse isto...
Talvez o pior seja verificar que estou completamente bem, me adaptando à cidade maravilhosamente, assim como ao trabalho. Estou bem de saude e, se for para minha cama de casal a 2 metros da minha mesa estarei dormindo em pouquíssimos minutos. E a última conclusão dada automaticamente pelo meu cérebro foi: "talvez seja falta de sexo".

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