sexta-feira, junho 01, 2007

sobre Cidade Baixa, de Sérgio Machado

Cidade Baixa é um longa-metragem de 93 minutos lançado no ano de 2005, pela Vídeo Filmes, e ganhador de vários prêmios nacionais e na Espanha, Bélgica, Miami, Verona, Los Angeles. Direção de Sérgio Machado, que divide também a produção e assinatura do roteiro com Karim Ainouz, importante roteirista contemporâneo que, entre outros, é autor do longa-metragem “O Céu de Suely”. A fotografia é de Toca Seabra, que também entra na lista dos “recorrentes” do cinema nacional que trabalham neste filme, junto com Lázaro Ramos, Wagner Moura e Fátima Toledo.

Sérgio Machado no começo de sua carreira foi reconhecido por Jorge Amado e apresentado por este à Walter Salles, diretor que virou seu “padrinho” desde então. Foi assistente de Walter em Central do Brasil e logo depois começou a dirigir seus próprios filmes, sempre com Walter por perto, também produzindo, como em Cidade Baixa. Em Cinema dirigiu anteriormente o documentário “Onde a Terra Acaba”, sobre Mário Peixoto, e os ficcionais “Abril Despedaçado” e “Madame Satã”, entre outros.

A grande “revelação” do projeto é a atuação de Alice Braga, que faz a personagem Karinna, e que foi escolhida para a produção pouco tempo antes do início das filmagens (ao contrário de Lázaro e Wagner, o primeiro por ser ator certo desde o início da pré-produção e o segundo por ser amigo e conterrâneo de Lázaro, além de mostrar-se apto para o papel durante leituras dramáticas experimentais do roteiro promovidas por Sérgio, às quais era convidado). Alice teve com este filme grande sucesso, acumulando vários prêmios de melhor atriz (Verona International Film Festival, APCA, Festival Rio BR 2005) e fazendo dele uma vitrine para seu trabalho. Recentemente foi convidada para atuar, entre outros filmes estrangeiros, ao lado de Will Smith, no filme “I am Legend”, que se encontra em fase de pós-produção.

Aliás, a atuação é um dos pontos fortes deste filme. Preparados durante grande tempo por Fátima Toledo (boa parte do orçamento do filme foi direcionado para esta preparação), os atores experimentam seu limite sensível em performances bastante orgânicas. Atuam em outra linha, entregues às emoções criadas por processos densos de construção da personagem. Pode-se ver em making-of’s os atores pulando, se concentrando extremamente, desequilibrando-se em processos de apinéia segundos antes do “Ação!” do diretor. Em harmonia com a fotografia, este trabalho compõe a atmosfera pretendida pelo diretor para mostrar a história de amor em meio à vida complexa e subdesenvolvida da parte “baixa” da cidade de Salvador - BA.

O processo de composição do roteiro também foi interessante: Sérgio, em parceria com Karim e oficialmente com a colaboração de Adriana Rattes e Gil Vicente Tavares, reunia amigos do meio cinematográfico para leituras periódicas onde discutiam “exaustivamente” o enredo e as minúcias da história. Entre os convidados sempre estava presente Eduardo Coutinho, por quem o diretor nutre grande amizade e que ajudou muito, segundo Sérgio, nas mudanças e na construção dos “porquês” das especificidades do roteiro.

O longa não se trata de uma genialidade. Todavia, é um bom produto para o consumidor final/popular guardá-lo em DVD, junto à bons filmes em sua estante e retomá-lo sempre que quiser se lembrar de Alice ou ver bastante cenas de relação sexual jovem não-“explícita”.

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