terça-feira, novembro 21, 2006

Exercício para homem de Vírgula - início de 2006

Como eu já dizia, o homem tem seus problemas.

Sabe uma pessoa que é chamada de estressada, mas na verdade não é o stress q atua? A dor, a dor que é no fígado, a gastrite nervosa crônica... Tão jovem assim, coitado! E não é só a bebida que o deixou assim (pouco tempo ele bebe para que o problema seja tão grande!), foi o fato de ser artista. Sim, o fato de ser artista! Preocupar-se demasiadamente, entende? Preocupar-se com os problemas do mundo, que este acredita que todos sejam seus. A responsabilidade pelas coisas, compreende? A responsabilidade pelo Mundo não andar bem... uma
coisa brechtiniana, operária... Não, talvez não.
Talvez se ele morasse no campo ele seria melhor do fígado. Mas ele não pode, no money, no conditions. Ele sabe pouquíssimo inglês, não sabe pronunciar as palavras de forma correta... Mas ele sabe bastante coisa. Ele não aprendeu, ninguém sentou e ensinou as coisas q ele pensa... Tudo vem do que ele ouve, do que ele percebe, do seu senso perceptivo. Ele escuta, ele vê, ele respira, ele observa quieto. Ninguém precisa saber que ele existe. Ele não acredita ser interessante para que alguém o observe. No fundo ele acredita sim, mas sabe que as coisas estão contrárias demais no mundo pra que alguém observe e dê créditos a uma pessoa como ele. E ele fica mal com isso. Não puto, entende?, mas mal. Remói essa tristeza e quem sofre é o fígado. Ah, o fígado, a maioria do tempo o que está em sua cabeça é o fígado e suas consequências. Tudo, depois do fígado, é consequência do fígado. Entende? Ah, ele se esforça pra q seja simples e compreensível sua retórica, mas se vc não consegue... Não se pode fazer muita coisa, só ter dó. Quem sente isso sou eu, não ele... ele sente-se triste, falido, incompetente por não conseguir, culpado por você, culpado pela existência, culpado.

Ele queria ser um herói, desde criança... passar os dias resolvendo os problemas dos outros e ter os dinheiros q tanto as pessoas à volta dele precisavam. Dos pais eu não sei... ele apareceu assim, sem pai. A história dele, como a minha, não se liga tanto aos pais. Na dele isso não importa. OU melhor, importa sim, sim. IMporta no fato de que marcou, de que foi base, de que foi tudo, entende? MAs só isso, mais nada.

Ele conheceu a Judithe e nunca quis saber o seu passado. Ela nega-o, pouco se sabe. Sabe-se que o pai dela ainda é vivo. Mas pai é pai, num é mãe né... Se fosse mãe, pelo menos queria saber onde ela estaria. Ninguém da família de Judithe nunca entendeu o dom dela, era assim. Desde criança ela ouvia a Rádio Cultura e adorava música clássica. Um dia, com 14, ela descobriu de que instrumento vinha aquele som mágico, e quis tocá-lo. Óbvio suas condições, óbvias suas impossibilidades, óbvia a desaprovação da família. Ela continuou sendo moça óbvia até que conheceu o Homem pintando quadros na praça.e viram que dava para juntar os trapos e viram que o sexo realizado entretia um pouco, dava certo, sabe?! Então viram que um quartinho poderia ser alugado nos fundos de uma loja de rações e animais no centro da cidade.

Qual é a cidade? Eu quero o nome da cidade... Me ajudem!

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