quarta-feira, novembro 15, 2006


Eu poderia nomear as faltas que eu sinto agora com sua ausência, mas primeiro tenho a vontade de enumerar as faltas que sentia junto a você. Matar um coelho com duas cajadadas, acabar de vez com a maioria das coisas que se encerram em meus pensamentos. Quero conseguir isso.
Por um ano e meio vivi coisas novas. O não sair com os amigos porque eu tinha uma namorada; o preferir ficar sossegado pensando em alguém em minha casa, em São Paulo, pensando no quanto era bom ter alguém em quem podia confiar, com quem podia contar a toda hora; o poder dizer "minha namorada não curte isso", ou "minha namorada disse ...". Confesso, eu gostei de ter esta experiência de namorar, por mais que algumas vezes a experiência foi apenas minha. Por mais que a maioria das vezes. Ainda preciso de alguém como você. Preciso ainda de alguém que se preocupe comigo mais do que com qualquer um. Ainda preciso de alguém com quem eu me preocupe e diga pra minha mãe que gosto, apesar de qualquer coisa.
Lembro do começo de tudo e de um pouco depois também, quando eu via um avião se espelhar no seu olhar, até sumir. Lembro dos dias em que o céu reunia-se à Terra, um instante, por nós dois. Lembro, ao contrário do que eu consigo dizer, que houveram momentos lindos e únicos e seria pobre falar sobre cada um deles pra ti. Lembro dos momentos teatrais que nunca foram completos, nossas conversas, nossos pensamentos que nunca estavam no mesmo linear. Sempre vou lembrar de sua família, do carinho deles demonstrado muitas vezes por mim. A sua avó, o seu avô, a sua mãe, o seu pai. A Kitty! Ao encontra-los, vou sempre lembrar de seus amigos, mas não de seus nomes. Vou lembrar de nossas intimidades, que poucas vezes foram encaradas com normalidade por ti. Tantos lugares pelos quais talvez eu nunca mais passe só poderão lembrar você. E todas estas coisas do pós.
Pergunto-me se conseguirei achar alguém, no tempo que tenho, que possa cobrir sua fenda e cumprir tudo o que já me prometestes um dia. Tanta conversa jogada fora, tanta baboseira momentanea, tanto tempo perdido - às vezes penso, mas não tenho certeza. Tenho 18 anos e tenho tempo. Mas penso como foram os meus 17. Não sei o que podia ser diferente, o que podia ser melhor, quanto tempo eu fui covarde e quantas vezes a solução me era clara e eu não quis entendê-la. Mas acontece que, por outro lado, nesse tempo só tem um nome, que o marcará, que é o seu. Talvez mais adiante eu não lembrasse do que acontecia em meus 17, e com você tenho certeza de que recordarei.

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